terça-feira, 23 de abril de 2013

Depoimentos sobre experiências com a palavra escrita.

Depoimento: Ednaldo Torres
 
Não tive o privilégio de crescer rodeado de livros. Fui alfabetizado depois dos 7 anos. Naquela época não havia incentivo do Governo para as séries iniciais, como hoje, e o contato que tive foi somente com os livros didáticos. Meus pais não cursaram mais que a 3ª série primária, meus tios e avós também não sabiam mais que assinar o nome. Mesmo assim, e com toda dificuldade financeira, sempre “forçaram-me” a estudar.
Lembro-me que, da segunda série em diante, em todos os eventos da escola, eu já era o orador oficial da turma. Adorava ler. Nunca gostei de Matemática, e não via a hora de começar as aulas de “Comunicação e Expressão” para fazer a leitura do texto. Só eu queria ler.
As histórias que me lembro são as do Sitio do Picapau Amarelo. Todas às tardes estava eu na frente da televisão (em preto e branco) para viver aqueles, que para mim, eram momentos mágicos. Por isso, gosto muito de Monteiro Lobato! Tenho certeza que ele fez a diferença na vida de muitas crianças.
Nos livros didáticos conheci o Negrinho do Pastoreio, mula sem cabeça e caipora. Morria de medo de encontrá-los nos cercados quando ia à casa da minha avó.
Entretanto, depois do primário perdi, não sei como, o gosto pela leitura. Aliás, não gostava mesmo de ler.
O que fez a diferença na minha vida foi, no curso de Letras, a minha professora de Didática, que um dia disse: “Vocês precisam ter o hábito de leitura, se não gostam de ler, precisam aprender. Comecem lendo uma página por dia”. Segui o seu conselho e nunca mais parei. Como disse a nossa colega Jeanny: “É por isso tudo que ler e escrever é uma questão de hábito, oportunidade e objetividade. Ou seja, um vaivém em nossas vidas!”
Lembro-me também, de todas as professoras da 1ª a 4ª série, inclusive, quando retornei a minha terra natal, Palmeira dos Índios, interior de Alagoas, fiz questão de visitá-las e agradecer-lhes. Vocês não imaginam o quanto foi emocionante esse reencontro!!

Um comentário:

  1. Graças a Deus que a dificuldade financeira não atrapalhou o seu gosto pelos estudos

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