Depoimento: Jane Rúbia
Minha experiência com a leitura iniciou-se muito cedo, pois fui alfabetizada por
meus pais em casa e, ao iniciar a pré-escola, já sabia ler tudo o que encontrava
pela frente; isso poderia ser muito bom, mas também me causou um pequeno trauma:
quando tinha 6 anos, fomos festejar o Natal na casa de um tio, e toda família
estava lá. Minha tia Lourdes era professora primária e resolveu deixar os
presentes (etiquetados) de todas as crianças expostos perto da árvore de natal,
eu, muito danada, resolvi dar uma olhadinha em tudo e tive a desagradável
supresa de descobrir, antes da hora, qual seria o meu presente, pois li
escancarado na etiqueta "Jane"; na hora da entrega, fingi que não tinha visto
nada, mas no fundo fiquei decepcionada. Ainda bem que esse pequeno trauma não
afetou meu gosto pela leitura e nem pela escrita, continuei a ler de tudo que
encontrava: os livros dos meus tios (que pegava escondido muitas vezes) - adora
a coleção Vagalume (quando já estava maiorzinha) e sempre tive apoio dos
meus pais e dos professores para fazer minhas redações.
Um momento interessante ocorreu na quinta série quando fiz uma redação na
aula de Português: era a primeira do ano e, como eu adora ser elogiada pelos
textos que escrevia, decidi impressionar a professora usando um vocabulário mais
refinado, escrevi: "uma das piores virtudes do ser humano ...", achei que
ia arrasar, adorava palavras novas que achava no dicionário, mas não me lembrei
do significado de virtude; minha professora, no dia da devolutiva dos
textos, veio até minha mesa, elogiou a redação, mas disse "Jane, só teve um
probleminha: virtude é uma coisa boa, então na frase você deveria ter
usado outra palavra". Hoje aproveito esse exemplo para dizer a meus alunos que
nossa escrita não precisa ser rebuscada para ser eficiente e bonita e penso que
isso ajuda a desmistificar um pouco o ato de escrever."
Ainda bem que você não ficou com trauma..
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